As Caras de Joinville | 02/04/2011 | 13h29min
Amandos Finder é o nome, vida e história por trás do parque do Finder
Nome do morro de 198 metros de altitude de onde observa a cidade é em homenagem a ele, mas isso não o deixa envaidecido
Claudia Morriesen | claudia.morriesen@an.com.br O caminho para subir o morro do Finder já não é mais igual ao que Amandos estava acostumado a encontrar: o que era trilha virou rua, o que era mato foi derrubado para construir casas e a subida agora exige mais esforço.
No entanto, ao subir e encarar a vista, Amandos Finder, 86 anos, encontra uma vasta área que ajudou a construir. O nome do morro de 198 metros de altitude de onde observa a cidade é em homenagem a ele, mas isso não o deixa envaidecido.
É ver o lugar que Amandos cuidou com carinho que enche os olhos do homem alto de cabelos brancos. Para entender como Amandos chegou até aqui, só retornando algumas décadas na história do joinvilense.
— Nasci no aeroporto — dispara.
É claro que, em 1924, a pista do aeroporto de Joinville, no bairro Cubatão, ainda não existia: eram apenas chácaras na região. Foi numa delas que nasceu e viveu os primeiros anos da infância, ajudando o pai e aprendendo a amar a terra e as árvores.
Quando a pista de voo começou a ser construída, a família precisou encontrar outro lugar para morar: a Amandos coube ajudar uma das irmãs a cuidar dos filhos em uma casa da Estrada Dona Francisca e terminar os estudos.
Entre cadernos e livros, Amandos aprendeu um pouquinho sobre paixão: ele tinha 15 anos quando conheceu a garota com quem viveu os últimos 66 anos. Ao lado de Irma, antiga colega de escola, construiu a vida, criou os filhos Nelson e Válter e agora vê nascer netos e bisnetos.
E é com ela que vive na rua Iririú, na mesma região que ajudou a povoar.
— Nunca fui empregado de ninguém. Quando chegou a hora de trabalhar, fui cuidar de ter um negócio meu — conta Amandos.
E foi assim que comprou o Salão Cometa, palco dos primeiros bailes do Iririú. Na época, as festas eram diferentes: começavam às oito horas da noite.
— E, às vezes, iam até as cinco da manhã — lembra, aos risos.
A música é outra paixão, já que seguiu os passos do pai, aprendeu a tocar clarinete e fundou a Jazz Cometa Band. Quando vendeu o salão, abriu o Bar e Sorveteria Cometa: e não havia um joinvilense que não conhecesse as delícias geladas que ele e dona Irma faziam. Não era difícil conhecer Amandos na época. Ele era o responsável pela chegada de muitos moradores da região, que compravam dele os terrenos no Iririú.
— Quando teve uma enchente grande em Tubarão, fui para lá e veio uma multidão de mala na mão para mudar para Joinville, nos lotes que eu vendia — lembra.
As noites também eram ocupadas: por quatro legislaturas, Amandos foi vereador. O cargo não era remunerado e as reuniões ocorriam à noite.
— E a gente tinha que pegar a bicicleta para ir nos bairros ver se a reclamação do morador procedia — relata.
Um dia, Amandos percebeu que alguns de seus lotes não podiam ser vendidos para construir casas por causa da Lei da Cota 40, mas sentiu que a região tinha potencial para outro empreendimento.
Assim construiu o Parque Florestal Bela Vista, onde os joinvilenses passavam o final de semana fazendo trilhas, piqueniques ou descansando.
— Tinha mais gente no meu parque do que na rua do Príncipe — afirma Amandos.
Dedicado, sempre gostou de cuidar do parque com as próprias mãos. Mas foram as pernas que sofreram quando toras de árvores derrubadas por um vendaval caíram sobre ele.
— Moeu minha perna direita. Fiquei quase um ano sem andar, então pensei: acho que tenho que desistir do parque — conta.
Amandos ofereceu as terras à Prefeitura e hoje já não costuma visitar o morro que leva o seu nome. Mas lamenta a falta de outros lugares como o que ele ajudou a construir.
— Joinville precisa de outros pulmões verdes — avisa.
No entanto, ao subir e encarar a vista, Amandos Finder, 86 anos, encontra uma vasta área que ajudou a construir. O nome do morro de 198 metros de altitude de onde observa a cidade é em homenagem a ele, mas isso não o deixa envaidecido.
É ver o lugar que Amandos cuidou com carinho que enche os olhos do homem alto de cabelos brancos. Para entender como Amandos chegou até aqui, só retornando algumas décadas na história do joinvilense.
— Nasci no aeroporto — dispara.
É claro que, em 1924, a pista do aeroporto de Joinville, no bairro Cubatão, ainda não existia: eram apenas chácaras na região. Foi numa delas que nasceu e viveu os primeiros anos da infância, ajudando o pai e aprendendo a amar a terra e as árvores.
Quando a pista de voo começou a ser construída, a família precisou encontrar outro lugar para morar: a Amandos coube ajudar uma das irmãs a cuidar dos filhos em uma casa da Estrada Dona Francisca e terminar os estudos.
Entre cadernos e livros, Amandos aprendeu um pouquinho sobre paixão: ele tinha 15 anos quando conheceu a garota com quem viveu os últimos 66 anos. Ao lado de Irma, antiga colega de escola, construiu a vida, criou os filhos Nelson e Válter e agora vê nascer netos e bisnetos.
E é com ela que vive na rua Iririú, na mesma região que ajudou a povoar.
— Nunca fui empregado de ninguém. Quando chegou a hora de trabalhar, fui cuidar de ter um negócio meu — conta Amandos.
E foi assim que comprou o Salão Cometa, palco dos primeiros bailes do Iririú. Na época, as festas eram diferentes: começavam às oito horas da noite.
— E, às vezes, iam até as cinco da manhã — lembra, aos risos.
A música é outra paixão, já que seguiu os passos do pai, aprendeu a tocar clarinete e fundou a Jazz Cometa Band. Quando vendeu o salão, abriu o Bar e Sorveteria Cometa: e não havia um joinvilense que não conhecesse as delícias geladas que ele e dona Irma faziam. Não era difícil conhecer Amandos na época. Ele era o responsável pela chegada de muitos moradores da região, que compravam dele os terrenos no Iririú.
— Quando teve uma enchente grande em Tubarão, fui para lá e veio uma multidão de mala na mão para mudar para Joinville, nos lotes que eu vendia — lembra.
As noites também eram ocupadas: por quatro legislaturas, Amandos foi vereador. O cargo não era remunerado e as reuniões ocorriam à noite.
— E a gente tinha que pegar a bicicleta para ir nos bairros ver se a reclamação do morador procedia — relata.
Um dia, Amandos percebeu que alguns de seus lotes não podiam ser vendidos para construir casas por causa da Lei da Cota 40, mas sentiu que a região tinha potencial para outro empreendimento.
Assim construiu o Parque Florestal Bela Vista, onde os joinvilenses passavam o final de semana fazendo trilhas, piqueniques ou descansando.
— Tinha mais gente no meu parque do que na rua do Príncipe — afirma Amandos.
Dedicado, sempre gostou de cuidar do parque com as próprias mãos. Mas foram as pernas que sofreram quando toras de árvores derrubadas por um vendaval caíram sobre ele.
— Moeu minha perna direita. Fiquei quase um ano sem andar, então pensei: acho que tenho que desistir do parque — conta.
Amandos ofereceu as terras à Prefeitura e hoje já não costuma visitar o morro que leva o seu nome. Mas lamenta a falta de outros lugares como o que ele ajudou a construir.
— Joinville precisa de outros pulmões verdes — avisa.
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